Artigo publicado a 31 de Março de 2005, dias antes de Sá Pinto festejar os duzentos jogos na liga. O capitão do Sporting procurou depois também chegar ao seu 50º golo, meta que conseguiu alcançar a 28 de Janeiro deste ano, frente ao histórico rival Benfica, na vitória na Luz por 3-1, através de grande penalidade. Recorde de seguida uma carreira feita de suor e lágrimas que termina de forma triste.
A vida de Sá Pinto no futebol português dava quase um filme. Não fosse uma década de épocas na primeira divisão do campeonato nacional, o ainda número 10 do Sporting poderia ser um jogador como outro qualquer. Mas não é. De sofredor a vilão, vestiu a pele de lobo e cordeiro. No próximo fim-de-semana pode festejar os 200 jogos na I Liga, desde o Salgueiros de Filipovic ao Sporting de José Peseiro.
Zoran Filipovic foi quem fez nascer Sá Pinto para o futebol. No Salgueiros, nos tempos áureos do clube do Porto, o treinador apostou 29 vezes no jovem jogador de 19 anos em 1992/93, tendo Sá Pinto marcado seis golos. Na segunda época subiu de produção e em 28 jogos festejou 11 vezes. Valeu-lhe a transferência da carreira, para o Sporting. Para ele e para o amigo Pedrosa. «O momento mais alto que passei com Sá Pinto foi quando nos mudámos do Salgueiros para o Sporting», confidenciou Pedrosa. «Foi o momento alto, muito alto. Uma mudança para um clube como o Sporting, é uma mudança muito grande. Como fomos juntos, talvez tivesse sido esse o momento mais importante para mim, com ele», confessou-nos.
Salto até Alvalade e a simpatia das bancadas
Carlos Queiroz foi quem foi buscar Sá Pinto. Mariano Barreto também lá estava. «Não mudou muito desde esses tempos. Na forma como se entrega ao jogo. Hoje é mais maduro, mais sabedor em função da experiência, e é um líder.»
Depressa conquistou a titularidade, e com a mesma rapidez a simpatia dos adeptos. «É um jogador exuberante na forma de jogar, o que contagia e cria empatia com o público. O Sá Pinto confunde-se com a vontade e a ambição que os sportinguistas têm. Para ele não há lances perdidos e não há, por isso, jogos perdidos. É um jogador que qualquer equipa deseja ter», referiu Mariano Barreto ao Maisfutebol.
Pela postura em campo, pela competitividade que sempre mostrou, pelo suor que sempre deixou na camisola, o nome de Sá Pinto começou a ser cantado nas bancadas no antigo Alvalade. Fez 27 jogos na primeira época, marcou cinco golos, mas seguiram-se muitos mais. «Lembro-me de como chegou», recordou Oceano, ex-capitão do Sporting. «Ficou uma boa amizade desde então. Ele é um jogador que todas as equipas gostam de ter no plantel. Além das várias posições que faz no terreno, tem aquela garra pela forma que contagia os colegas nos jogos e nos treinos. Nos dias em que estamos menos motivados, ter um colega como o Sá, é sempre bom.»