A Federação tem um novo selecionador.

A seleção sub-21 vai disputar a fase final do Campeonato da Europa.

A seleção sub-20 estará no Mundial da categoria, mais uma vez.

A Liga tem um novo presidente e os clubes já podem deixar as bombas de gasolina e os restaurantes e regressar à sede, no Porto.

A Federação prometeu para 2016 a Cidade do Futebol.

Também a FPF prometeu um debate sobre regulamentos que permitam dar mais tempo de competição aos jogadores portugueses.

Os três maiores clubes apresentaram contas ( leia sobre o endividamento e outros problemas).

As regras do fair-play financeiro exigem novas formas de olhar para custos e receitas.

A UEFA ameaça acabar com os fundos de investimento.

Aparentemente, esta poderia ser uma boa altura para iniciar uma conversa profunda sobre o futebol português. Quer dizer, é sempre boa altura. Mas esta parece ainda mais adequada, com tanta coisa a mudar.

No entanto, os últimos dias foram passados numa das mais absurdas discussões de que tenho memória: o golo bem anulado ao Rio Ave, na Luz. Sim, discutiu-se a boa decisão de um auxiliar. Na prática, isto é o equivalente a criticar um jogador que falhou o remate mas mesmo assim colocou a bola na baliza. Ou um defesa direito que estava de passagem na esquerda e por isso impediu um golo do adversário.

Discutimos este tipo de lances, e outras coisas do género, por uma razão simples: é fácil.

Uma das grandes debilidades do futebol português é a deficiente discussão dos temas que realmente interessam.

Do meu ponto de vista, o nível médio da discussão decresce na exata proporção em que as pessoas com mais e melhor informação se fecham.

Se os mais preparados e equilibrados se calam, o palco fica livre para os oportunistas, para os fanáticos e para os que são intelectualmente desonestos. Ou simplesmente para os ignorantes.

Por exemplo o caso da rotatividade de Julen Lopetegui, sobre o qual escrevi neste jornal há duas semanas. Por causa da derrota frente ao Sporting, o treinador do FC Porto foi severamente criticado por modificar sempre o onze. Agora que a equipa azul-e-branca se apurou para a Liga dos Campeões e está apenas um ponto do líder do campeonato, pouco tem sido dito sofre a frescura dos melhores jogadores. Estão frescos e sem lesões porque repousaram nos momentos certos. Afinal, qual o peso certo da rotatividade? A melhor pessoa para o explicar seria o treinador do FC Porto, se a isso se disponibilizasse. Por exemplo numa entrevista de fundo. Afinal, os clubes têm muito mais informação do que todos nós. Juntos. ( se tem dúvidas recorde esta provocação)

Casos como este são recorrentes.

A informação de qualidade, prestada por quem a tem, escasseia.

O resultado é muito negativo. Comenta-se a partir do que parece. De casos semelhantes.

Nós, os jornalistas, temos responsabilidade. Claro. Mas continuo a achar que clubes, Liga, Federação, treinadores e jogadores devem abrir portas, explicar mais. Isso aproximaria adeptos e craques. No final, ganharíamos todos. A começar por aquilo que nos une, o futebol.

NOTA: além de discutirmos o auxiliar que corre menos do que os jogadores (grande notícia, não é?), também discutimos a linha que é colocada na repetição. Esta discussão foi mais intensa por se tratar da Benfica TV, o que se compreende e era previsível desde o primeiro dia. Afinal, é a televisão do clube beneficiado pelo fora-de-jogo (bem) assinalado. Nunca escondi o que penso sobre este tema, mas é justo dizer que as pessoas que produzem jogos de futebol em Portugal trabalham, em regra, para diversos canais, de forma competente e profissional. Algumas das coisas que foram ditas são simplesmente absurdas.