Falar da Coreia do Norte é falar do Querido Líder. Kim Jong-il. O estado, na metade a norte da península coreana, rodeada de água por todos os lados menos por um, é apenas ele. Soma a liderança do único partido político, do país, da comissão nacional de defesa e do quarto maior exército do mundo.

A liderança é tão forte que até manda no futebol. Literalmente. Hong Young Jo, jogador do Rostov, diz que é Kim Jong-il que monitoriza a evolução dos jogadores. Kim Jong Su, presidente da federação, vai mais longe: «É ele quem dá a táctica para os jogos, para aproveitar as características dos jogadores.»

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Filho do criador da nação norte-coreana, Kim Jong-il perpetua a obra começada pelo pai. Kim il-Sung comandou o país desde a sua independência da Coreia do Sul até que morreu, em 1994. Criou um estado de orientação comunista e o culto da pessoa do líder. A Constituição define-o como «O Presidente Eterno.»

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Kim Jong-il mantém o país fechado. Os norte-coreanos chamam-no de Querido Líder. Os relatos falam de adoração. Sobretudo os relatos que chegam da Coreia do Norte. Outros, de coreanos no exterior, falam de receio. Por isso é complicado perceber até que ponto é respeito ou é apenas medo.

O filho «português» e os netos que cantam... em alentejano

Kim Jong-il persegue todos os boatos familiares: Kim Jong-nam, por exemplo. É o filho mais velho do Grande Líder e confessou entre amigos que gostava de abrir a Coreia ao ocidente. Foi expulso do país. Desde então tem sido perseguido. Vive entre Macau, Japão e Rússia, e já foi alvo de um atentado.

Por falar em Kim Jong-nam, a televisão sul-coreana avançou que tinha um passaporte dominicano e outro... português. O consulado em Macau desmentiu ter emitido esse passaporte. Entretanto Kim Jong Nam foi apanhado com um passaporte dominicano falso. Como falso seria supostamente o português.

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Mas ainda há mais. Com Kim Jong-nam viajaram para Macau os filhos: Kim Han-sol e Kim Sol-hei. Netos do Grande Líder. Vivem com a mãe, separados do pai e integrados na sociedade macaense. Chegaram a frequentar a Associação de Escuteiros Portugueses, onde iam à missa e... cantavam em português.

Não falam português, nem precisam: estudam no Colégio Internacional e dominam o inglês. Mas participavam em todas as actividades extra-curriculares e até cantavam músicas alentejanas. Uma fonte contou ao jornal que o mais velho fazia parte de um coro que cantava «As meninas da Ribeira do Sado».

O Maisfutebol tentou obter mais informações, mas foi impossível. Os responsáveis dos escuteiros não comentam assuntos relativos à privacidade dos membros. Mesmo que na circunstância já não sejam membros. É segredo de estado. Não é só na Coreia do Norte que Kim Jong-il controla tudo.