Sergey Bubka esteve hoje em Sydney. Colocou a fasquia alta, nos 5,70 m, tentou que a sua vara o levasse a passá-lo, por três vezes, e nunca conseguiu. Foi assim a despedida inglória do Czar, o homem que dominou o salto com vara durante quase 20 anos. 

O ucraniano que bateu 35 recordes do mundo, ganhou cinco títulos mundiais e fez 40 saltos acima dos seis metros não conseguiu sequer apurar-se para a final da sua modalidade. Aos 36 anos, Bubka já não é o que era. Aliás, tinha já anunciado que terminaria a sua carreira depois de Sydney. Mas quis fazer uma última tentativa na competição que sempre lhe foi madrasta, os Jogos Olímpicos. 

Bubka relembra com amargura a sua história olímpica, ao longo da qual ganhou apenas uma medalha (o ouro em Seoul-88): «Em 1984, foi o boicote da Rússia. Los Angeles seria a melhor altura para eu ganhar, estava fresco e era novo, mas não tive hipótese. Em 1988, Seoul, consegui a minha única medalha, mas na última tenativa. Em Atlanta-96 estive lesionado. Este ano foram só problemas, problemas, problemas, outra vez».  

Mas se o seu desempenho olímpico não tem sido nada de notável, o resto da sua carreira é repleto de conquistas e vitórias. Em 1983, quando ainda era praticamente desconhecido, participou pela primeira vez no Campeonato do Mundo, em Helsínquia, e teve uma vitória supreendente, com 5,70 m. A partir daí foi cinco vezes consecutivas campeão do mundo, ganhando todas as edições dos campeonatos mundiais até 1997. 

Em 1985, em Paris, superou pela primeira vez a fasquia dos seis metros. Voltou a fazê-lo por 34 vezes. Hoje em dia só mais três saltadores o conseguiram fazer. Até ao momento já saltou acima dos seis metros quarenta vezes, contra oito vezes de todos os outros atletas juntos. 

O seu recorde do mundo de salto à vara, com 6.14 m em recinto aberto e 6.15 m em recinto fechado, mantém-se há anos - o primeiro data de 1994, o segundo de 1993.  

O seu treinador, Vital Petrov, que o acompanha desde os seus 15 anos, diz que o segredo do seu sucesso é a habilidade de concentração não só durante as competições, mas também nos treinos. Hoje, pode-lhe ter falhado a concentração. Também tem estado lesionado e teve apenas três meses para treinar. Mas provavelmente foi só o peso da idade a dar sinal.