O presidente do FC Porto, André Villas-Boas, deixou claro esta terça-feira que só aceitaria a cooptação de vice-presidentes seus para a administração da SAD caso exista «poder total executivo e de veto», lamentando o impasse na transição de poderes na sociedade.

«Já estamos a trabalhar enquanto direção do clube. Temos as nossas instalações do lado Nascente e estamos ao serviço. O que facilitaria era uma cooptação com poder total executivo e de veto. Só assim aceitaríamos fazer a cooptação de um ou de dois dos nossos vice-presidentes, administradores neste caso. Enquanto isso não acontecer, não iremos ceder, precisamos da cooperação dos atuais membros dos órgãos sociais da SAD. Nesta fase, vamos abrindo dossiers, documentando, chamando os funcionários e tomando as decisões estruturantes que achamos as melhores para o futuro do clube», afirmou Villas-Boas, aos jornalistas, após a tomada de posse como o 32.º presidente da história do FC Porto.

Villas-Boas diz não poder «responder» sobre o que pode estar na base da relutância dos ainda administradores da SAD portista em renunciar aos cargos que ocupam, crê que não se trata de o poder de veto assustar ou não, mas sim da ideia de que «ninguém se vai cooptar numa administração executiva sem ter controlo sobre as decisões».

«Só os próprios [administradores] podem responder. No caso do presidente, já respondeu e não estará disposto a renunciar ao cargo, parece-me evidente que quer estar na final da Taça e estaria sempre. Para mim era um orgulho e seria motivo de motivação para a equipa e nem seria caso. No caso dos outros, há que lhes perguntar, os mesmos estão em gestão desde 31 de dezembro de 2023», afirmou Villas-Boas, num dia em que o presidente cessante, Pinto da Costa, garantiu que ia para o banco na final da Taça de Portugal ante o Sporting, a 26 de maio, e que só depois disso é que se demite da SAD.

Referindo que «não é uma situação ideal», Villas-Boas garantiu, por outro lado, que está a ser obtida toda a «documentação». Porém, deixou reparos adicionais sobre o impasse vivido com a transição de poderes na SAD, lembrando o que aconteceu nos rivais e o que a situação provoca, por exemplo, nos funcionários.

«É importante que as pessoas percebam que, no caso dos funcionários do FC Porto, não é uma situação fácil. Porque há duas dinâmicas correntes, uma de saída e uma de entrada, obriga as pessoas a estarem atentas e a terem orientação e deve ser, sobretudo, futura. Acesso a documentação não tem sido um problema, estamos com todos os dossiers abertos. Agora, ninguém se vai juntar a um Conselho de Administração que não renuncia sem ter total controlo de execução e poder de veto. Isso está fora de questão e já fizemos entender isso, através dos advogados, que só aceitaríamos tomar conta ou cooptar Pereira da Costa ou outro dos nossos vice-presidentes no sentido de ter total liberdade de poder e de veto sobre a Comissão Executiva. Não está em causa a presença histórica, nem nunca estará em causa a presença histórica do presidente na final da Taça. Sei bem o que ele representa para todos os portistas e a sua presença é um sentimento de força, sobretudo para a equipa. Agora, na construção de uma organização moderna, transparente, ditada por uma vitória estrondosa, é lamentável que o FC Porto não seja o exemplo, a exemplo do que foram os outros clubes em Portugal, neste caso os rivais mais diretos, que asseguram transições no próprio dia, tanto da parte do clube como da SAD», disse Villas-Boas.

De recordar que, no sábado, e na sequência do anúncio do FC Porto de que o administrador financeiro de Villas-Boas entraria já na SAD esta terça-feira, a estrutura liderada pelo agora presidente dos azuis e brancos esclareceu que era «falsa» a cooptação de José Pedro Pereira da Costa.

«Enquanto presidente do FC Porto, irei dar ordem à Mesa da AG da SAD para que se inicie a convocação para deliberação dos novos órgãos sociais. Agora, não podemos estar satisfeitos com esta situação. Há muitos dossiers, muitos agentes que nos perguntam como é a situação, funcionários a mesma coisa. Ninguém está para afetar o FC Porto. Estamos para elevá-lo e distingui-lo como melhor clube português e se essas pessoas já tivessem essa humildade já o estariam a fazer», rematou Villas-Boas.