Cristiano Ronaldo deu um passeio pela memória e percorreu os tempos em que era criança na Madeira (na foto com o pai, no Andorinha) até aos atuais, em que é uma estrela global. À Players Tribune, o internacional português revelou que foi aos 11 anos que decidiu que ia ter um futuro brilhante.
«Chorava quase todos os dias, ainda estava em Portugal, mas era como se me tivesse mudado para outro país», relatou sobre a saída da Madeira para a academia do Sporting.
«Por causa do sotaque parecia que falava uma língua completamente diferente, a cultura era diferente, não conhecia ninguém e era extremamente solitário», continuou. «A minha família só tinha dinheiro para me visitar de quatro em quatro meses, sentia tanta falta deles que cada dia era doloroso», prosseguiu Ronaldo.
«O futebol fez-me continuar», acrescentou o internacional português. «Sabia que estava a fazer coisas em campo que os outros rapazes da academia não conseguiam. Lembro-me da primeira vez que ouvi um dos outros miúdos dizer “Viste aquilo? Este tipo é uma besta”», referiu.
Ronaldo contou que começou «a ouvir isso quase sempre, inclusive dos treinadores, mas depois «alguém lembrava “é uma pena que seja tão pequeno”».
O internacional português resolveu tomar medidas: «Era verdade, eu era muito magro, não tinha músculo. Portanto, tomei uma decisão aos 11 anos. Sabia que tinha muito talento, mas decidi trabalhar mais do que ninguém. Ia parar de jogar como um miúdo. Parar de me comportar como um miúdo. Ia começar a treinar como se pudesse vir a ser o melhor do mundo.»
Cristiano Ronaldo admitiu não saber «de onde vem esse sentimento» de vitória. «Estava dentro de mim. É como estar-se sempre esfomeado e isso não passar. Quando se perde, é como se estivesse com fome. Quando vences, ainda estás com fome, mas comeste uma migalha. É a única maneira que tenho de explicar.»
O camisola 7 do Real Madrid narrou também as experiências mais arriscadas que teve em Lisboa. «Comecei a escapulir-me do dormitório à noite para ir treinar. Tornei-me maior e mais veloz. Então, quando entrava em campo, as pessoas que costumavam murmurar que eu era magrinho agora olhavam para mim e parecia que era o fim do mundo», escreveu, para revelar que aos 15 anos disse aos colegas: «Vou ser o melhor do mundo.»
Na altura, os companheiros riram-se, mas a ambição de Ronaldo tornou-se realidade. Passou para Manchester e depois Madrid. Venceu troféus coletivos e individuais, mas considera a celebração com o filho, Cristiano Jr, da conquista da última Liga dos Campeões como a melhor recordação de sempre.
