Na antecâmara da segunda mão dos quartos de final da Liga Europa, João Neves lançou os dados para a visita ao Vélodrome, reduto do Marselha. Em entrevista à UEFA, o jovem médio, de 19 anos, apontou ao destino das águias na Liga Europa.

«Se jogarmos o nosso futebol, dependemos de nós para chegar mais longe. Contra o Marselha será um jogo bem disputado, mas devemos olhar para nós e impor o nosso jogo. Por isso, dependemos de nós», começou por dizer. Ao intervalo da eliminatória, as águias guardam uma vantagem mínima, de 2-1.

Questionado sobre o regresso a França, onde, em fevereiro, o Benfica confirmou a passagem aos «oitavos», às custas do Toulouse, João Neves apelou à presença dos adeptos.

«A partida em Toulouse foi muito emotiva e de muito valor. Não é segredo. Foi um jogo muito renhido, de alta dificuldade. Em Marselha esperamos contar com o apoio dos nossos adeptos», sublinhou.

«Os Cinco», versão Benfica

Do grupo que conquistou a Youth League em 2022, apenas cinco jogadores alcançaram a equipa principal. Além de João Neves, também António Silva, Tomás Araújo, Samuel Soares e André Gomes integram o grupo às ordens de Roger Schmidt.

«É muito bom porque a minha formação foi feita com eles, são amigos para a vida e conseguirmos atingir este patamar é motivo de felicidade, porque é com amigos que jogo e é com eles que me divirto. [Ao chegar à equipa principal] Passamos a mística. Damos o máximo, para que os miúdos queiram ser como nós», salientou o internacional português.

A 25 de abril de 2022, as jovens águias golearam o Salzburgo, por 0-6, mas João Neves assistiu à partida junto ao relvado. A contas com uma lesão, o médio, então com 17 anos, estava de muletas.

«Foi um misto de emoções. Começamos a prova com uma derrota pesada, em Kiev, por 0-4. Mas, o mister Luís Castro disse que iríamos conquistar a competição. A Youth League ajuda-nos a competir contra outras ideias de jogo, o que nos prepara para o futebol profissional. É uma montra. Além disso, viajamos com a equipa principal. Há um ano, fomos a Turim, Haifa e Paris e é sempre bom, para quem está do lado da formação, ver os mais velhos a jogar», analisou.

Há 11 anos a vestir vermelho e branco – desde os oito anos – João Neves sente o «carinho» dos jogadores da formação, igualmente jovens, que já vêm neste médio um «ídolo».

«É um orgulho. Saber que posso ser o ídolo de pelo menos um jogador da formação é muito bom. Espero que os mais novos também tenham esta oportunidade», rematou.

Rúben Dias e o sonho da Champions

Questionado sobre a escolha do número 87, João Neves esclareceu que se tratou de um acaso, pois era o número que mais gostou entre aqueles poderia escolher. O mesmo não se pode dizer da eleição de Iniesta como referência.

«Jogador de altíssima qualidade. Revejo-me em alguns aspetos e gostaria de ser como ele. Talentoso, que pode passar despercebido nas redes sociais – o que não me importa – e dentro de campo era um “monstro”», elogia.

No futebol europeu, nomes como Rúben Dias, João Félix e João Cancelo não passam despercebidos quando o assunto é o trabalho de formação no Seixal. Desafiado a partilhar uma memória com estes internacionais portugueses, João Neves recua aos tempos de formação.

«Fui apanha bolas quando estavam na equipa principal. Quando os via, sentia-me motivado a replicar o que eles conseguiram. Quis seguir os passos deles. O Rúben Dias já conquistou a Liga dos Campeões. Também tenho esse sonho. Sempre que entro em campo é um motivo de orgulho para mim e para a minha família. Então, nas competições europeias, há sempre uma motivação adicional», concluiu.

O Benfica disputa, na noite desta quinta-feira (20h), a segunda mão dos «quartos» da Liga Europa, em França, diante do Marselha. Encontro decisivo para acompanhar, ao minuto, no Maisfutebol.